Acto I
Cena I
Abre o pano. no cais encontram-se duas barcas: a do Diabo e a do Anjo. Nesta última reina a paz e a tranquilidade. Vê-se o Anjo, sossegado e sereno. Já na barca do Inferno... é grande a agitação!Ambos preparam a barca: verificam as velas, as cordas e os remos.Diabo avança no palco e diz:
Diabo: Hoje o negocio está fraco.
Tenho um mau pressentimento...
(Ao longe, vê-se uma alma a andar calmamente)
Alentejano: Onde neste becoHá
um sobreiro para descansar...
Estas xanecas estão a dar cabo de mim.
(Ao longe, o Anjo vê o Alentejano e dirige-se para ao pé dele)
Anjo: Ai, pobre alma...
Será que no vosso mundoA preguiça não tem fim?
Tanta terra para germinar
E tanta gente a ressonar.
(O Diabo, ao ver o Anjo a dirigir-se para o Alentejano desata a correr)
Diabo: Cala-te Anjo, não sabes o que dizes
Na minha barca muitos sobreiros
Esta pobre alma há-de encontrar.
(Com tanta confusão, o Alentejano dá-se por cansado e adormece. Chega o Professor de Filosofia)
Cena II
Profº Fil.: Mas que confusão vem a ser esta?
Isto está a parecer a Republica das Bananas.
Diabo: Falas em bananas.
Até parece que estás com fome.
Aqui temos a grande Madeira.
Profº Fil.: Para sua informação não estou com fome.
E não tenho intenção de comer a população da madeira, traças.
Pelo seu comportamento Filosofia não existe no seu dicionário.
Diabo: Ha, ha, ha, ha, ha.
Tu que deste o nome de Sofia á tua filha.
A minha Filosofia é: "Aqui quem manda sou eu".
Para ti nada é em branco.
Para os teus alunos é o que vem no dicionário.
E injustiça, sabes o que é?
(O professor começa a pensar até que o Anjo o interrompe)
Anjo: Homem, pare de pensar.
Aqui nem a caixa de Pandora o há-de salvar.
Deixe de tolices.
Porque aqui os Filósofos ignorantes não hão-de entrar.
(Houve-se o roncar do Alentejano)
Alentejano: Eu vou para qualquer sítio.
Desde que me dêem comida e cama.
Anjo: Mais uma vez o Diabo é que lucrou.
Acho que me vou despedir.
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
Auto da barca dos Portugueses
Publicada por catarinamoraisribeiro à(s) 12:07:00
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